septiembre 05, 2009

O país mais fechado (e estranho) do mundo

O presidente da Coreia do Norte não aparece em público há mais de quinze anos. Mesmo assim, os 23 milhões de habitantes do país enxergam seu rosto da hora em que acordam até a hora em que vão dormir. A imagem de Kim Il-sung, o "eterno presidente", pai do atual ditador Kim Jong-Il, está nos prédios, nos vagões de trem, nas estações de metrô e no broche que 100% da população de Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, carrega "voluntariamente" no peito


A reportagem de VEJA entrou na Coreia do Norte, onde não há celular nem internet, crianças de 5 anos recitam juras de vingança contra os Estados Unidos e é proibido dobrar jornais que trazem a foto do líder Kim Jong-Il.No espetáculo exibido aos turistas, meninos e meninas de menos de 6 anos de idade cantam músicas de louvor ao regime e juram vingança contra o "imperialismo americano". À direita, criança pede esmola em parque de diversões: essa a propaganda não mostra

A viagem aérea de Pequim a Pyong-yang leva uma hora e meia e é feita num Tupolev russo. A parte mais desconfortável é ter de equilibrar sobre as pernas uma edição do Pyongyang Times, distribuída aos passageiros, sem amassá-la nem deixá-la cair no chão. Não se trata de mania. Ainda na China e, novamente, antes do embarque, os organizadores da excursão alertaram os turistas para que não dobrassem jornais que estampassem a foto de Kim Jong-Il (caso da edição lida no avião e, pelo que se viu mais tarde, de todas as outras já rodadas no país), sob pena de "ofender gravemente" os norte-coreanos. A lista de atitudes proibidas incluía ainda falar com a população nas ruas, tirar fotografias sem permissão e perguntar aos guias nativos sobre questões como a saúde de Kim Jong-Il ou a existência de campos de concentração no país. Na chegada ao aeroporto de Pyongyang, o grupo foi obrigado a entregar os celulares e a submeter toda a bagagem a uma revista cuidadosa, destinada a evitar o ingresso de material ideologicamente suspeito. O que seria ideologicamente suspeito? Basicamente tudo. Os norte-coreanos não podem ler livros, jornais e revistas estrangeiros e, à exceção de uma reduzidíssima elite, não têm acesso à internet, celular nem a rádio ou canais de TV que não sejam os oficiais. 

Nas avenidas centrais, as mulheres se vestem basicamente do mesmo jeito: saia azul e blusa branca, sempre com salto alto. Olhá-las caminhando nas calçadas provoca uma imediata sensação de estranhamento no recém-chegado – parece que falta alguma coisa na paisagem. E falta mesmo: além da ausência de lojas, os carros em circulação em Pyongyang são tão poucos que, entre a passagem de um e outro, seria possível comer um prato inteiro de kimchi – a apimentada conserva de acelga que é a base das refeições na Coreia do Norte. Mas nada supera o espanto causado pela visão das guardas de trânsito da capital. Postadas em pedestais instalados nos cruzamentos, elas mantêm uma frenética atividade de sinalização com a cabeça e os braços mesmo quando as ruas estão desertas – e elas sempre estão desertas. A explicação da guia para o comportamento é a seguinte: como, por muito tempo, os Estados Unidos impediram a Coreia do Norte de desenvolver seu programa de energia nuclear, o país passou a sofrer de um déficit crônico de eletricidade. Assim, as controladoras de tráfego atuam como semáforos humanos, já que o uso de similares eletrônicos seria um desperdício.  E por que elas têm de gesticular sem parar mesmo quando não há um único carro na rua? A guia não sabe responder. Diz-se na Coreia do Norte que o Querido Líder em pessoa (também conhecido como "Inteligente Líder" ou "Respeitado Líder") é quem escolhe as belas guardas – dissimulados símbolos sexuais e heroínas de muitos dos filmes produzidos lá (Sentinela do Cruzamento, por exemplo, fala sobre "a dedicação ao trabalho e o terno amor das guardas pelo povo e também sobre a verdadeira supremacia do socialismo do nosso país", diz o texto que resume o enredo).

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